Uma vez alguém me disse ter vontade de morrer, fiquei até então estupefato com aquela famigerada exclamação. Mas, hoje fui surpreendido com tal sentimento e, tamanha foi a vontade, que me vi dirigindo um carro e o jogando em um precipício sem fundo. Em mim, os sentimentos são tão forte, que naquele momento cheguei por instante sentir a dor de morrer. Eu sempre acreditei que quando sentimos vontade de morrer, é apenas resultado da própria morte, já se estar morto, a vontade é apenas grito do corpo, querendo apodrecer em paz, sem a esperança de bálsamos e remédios controlados. Eu sempre tive medo da morte, hoje tenho somente medo da dor de morrer, que deve ser parecido com a dor de nascer, pois tamanho é o choque do nascimento que não lembramos do conforto do útero, de que como fomos felizes, por isso hoje vejo a morte como aliada, tamanho deve ser o seu choque que acredito que esqueceremos essa vida, espero entrar no desconhecido, limpo das vivências complicadas deste mundo contraditório, competitivo e acima de tudo cheio de humanos desumanos. Enfim, que a morte seja célere e se houver dor que ela contribua para o desconhecido.
Reinaldo Sousa. 29 de março de 2010.