quarta-feira, 24 de junho de 2009

desejos

Eu sempre a almejei.
Nos sentido mais amplo dessa palavra.
Cobicei.
Viagei.
Por sonhos e desejos que esperei.
Não eram meus.
Apeteci.
Mirei nos alvos errados.
Me destruir.
Ansiei.
Aspirei como os invejosos.
Consegui.
Somente o mar e as espumas na cama.


Reinaldo Sousa. 24 de junho de 2009.

domingo, 21 de junho de 2009

Um homem incomum


- Eu sempre me considerei um homem incomum.
- Por quê?
- Um homem que foi criado apenas por uma mulher, não poderia ser igual aos outros.
- Sei..
- No entanto, eu tenho me encontrado igual, aos meus iguais de falo.
- Entendo...
- É normal que um homem pense em sexo, queria ter várias noites para saciar sua sede de cheiros, suores e êxtase.
- Sei...
- Mas eu estou envolto de nuvens de pensamentos estranhos, pensando e querendo coisas que só os adolescentes em sua ânsia pelo prazer buscam.
- Hum...
- Considero-me um homem maduro, já vivi e passei por coisas que só eu sei, e não fiquei com nenhuma seqüela psicologia...
- Sabemos!
- Ao menos eu acho...
- Sei...
- Mas sexo ta virando um tabu para mim. Vivo nos banhos frios que eu detesto, e eles estão se tornando cotidiano em minha vida, a água fere a minha carne com tanta intensidade que eu esqueço dos meus calores e minhas vontades selvagens.
- Fale-me mais sobre isso!
- Eu me considero um homem incomum.
- Sabemos.
- Nunca deixei o meu pênis guiar a minha cabeça, sou racional. Um homem não pode e nem deve deixar seus instintos o dominarem, isso sempre o leva a cometer atos impessados.
- Interessante!
- E eu ando cometendo loucuras infantis. Regressei a infância como se a não tivesse tido. Talvez eu não a tivesse tido mesmo.
- Hum...
- Mas não há freios. As coisas fogem ao meu controle e quando vejo há culpa, há sentimentos confusos e tudo é estranho.
- Sei...
- Doutor, eu sou um homem incomum?
- hum?


Reinaldo Sousa. 21 de junho de 2009.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Eu não quero amar - Parte 2


Eu quero acreditar no amor, na construção de algo a dois. Mas, eu sonho demais com a grandeza de uma liberdade que assusta minhas vitimas. Pois é, sou eu o algoz dos mundos românticos dos meus amores, eu destruo os sonhos das transas silenciosas, acalentada de suor e movimentos agressivos das minha vitima.

Sou eu o capataz, subjugando os escravos a dura e árdua tarefa de correr atrás das minhas correntes. Eu sou a raposa que adentra o cercado e destroça calado as ovelhas, que mais tarde sai nas fezes como lobos. Mas eu sou o lobo. Eu sou o frio, o agressor, o resto é tudo vitima.

Mas eu sei que não nasci para amar, sou calculista. Os que calculam os riscos, não amam. Amar é roleta russa com o revolver todo preenchido de bala. Torcemos para ter a sorte de não sair pelo cano nenhumas delas. E que a sorte estejam com todos.


Reinaldo Sousa. 16 de junho de 2009.

sábado, 13 de junho de 2009

Sonho Profético

Gustave Doré: Don Quijote de La Mancha and Sancho Panza, 1863

Hoje eu tive mais uns dos meus sonhos proféticos. Sonhei que era um bravo, como os titãs. Combatia meus inimigos com força e rigor extremo. Incorruptível, meus companheiros eram meus braços, minhas pernas, e conquistar era fácil. Alexandre da Macedônica se curvou diante do nosso exercito, Esparta e seus temidos guerreiros, eram formiga em nossas mãos. Não havia exercito no mundo que nos deter-se. Tínhamos um sonho, o sonho de ser livre, de conquistar riquezas e melhoras para nosso povo, enfim, sonhávamos o sonho de todos os grandes conquistadores.
Acordei. Ao meu lado, o vazio e o silêncio das coxias, as espadas jogadas no chão, e alguns elmos com as cabeças cortadas no espeto. Em meu peito um calcanhar de um homem branco com bigodes grisalhos, com uma enorme estrela vermelha no peito, e as outras cores o acompanhava. Em meio à névoa que se cobria de sangue no ar, vi alguns dos meus antigos companheiros gritando e saudando o nome do nosso inimigo. Virei ao lado e não quis mais sonhar. Quis acordar dos sonhos. Só não sabia que já estava acordado. Então "quixotiei".


Reinaldo Sousa. 13 de junho de 2009.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Eu não quero amar!



Por este dias andei pensando sobre amar. Pensei ter esse direito. Sonhei acordar nos braços de meus lençóis envolto de sangue e cheiros de caça. O amor não é para os românticos. O amor é para os agressores e para suas vitimas. Eu não sei agredir. Aprendi tecer teias de carinhos até mesmo aos meus inimigos, e caio sempre no abismo dos que são refém. Mas não sei amar. Minha jaula é forjada de mistério e de chantagem. No entanto, como "sou o bom" aceito o decreto e viajo nos sol nascendo no quadrado. Tudo é redondo. Tudo tem volta. Mesmo que o bumerangue encontre ventos ao leste, ele voltará ao seu arremessador.

Percebi hoje, que não sonho com amores perfeitos. Nem com os imperfeitos. Apenas sonho como os romanticos. Os fantasmas são mais reais do que o fôlego dos românticos. Românticos são tolos. Eles acordam e ligam suas lanternas no escuro, em busca dos seus amados, mas preferem as flores, os bombons e os mimos da galhofada circense que é se apaixonar. Eu nunca quis me apaixonar, viver preso a um ser, me faz temer tal sentimento. Quero beijar, transar, acarinhar, sentir a respiração e os cheiros, mas só isso, isso me basta. Não quero que me liguem, que me façam perguntas, que me sigam. Sou livre, e assim quero morrer. Por isso, espero que meu coração tenha secado de fato. Como marte e as suas terras áridas, que o amor em mim, encontre pedras trincadas e secas.

Reinaldo Sousa. 10 de junho de 2009.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pensando sobre a felicidade...


Hoje eu dei por falta de coisas e pessoas que eram ou foram importante para mim. Eu tenho um memoria curta, no entanto, tenho guardado os momentos felizes, mais até dos que os tristes, isso é novidade na minha vida. E por isso, não tenho dormido bem. Ando pensando em coisas que fogem ao meu controle, e viajo em coisas que talvez só os "anjos e demonios" tem ciência. Pensativo. Calado. Olhando para o teto querendo enxergar além dele, não sei exatamente o quê. Esse sou eu, nesses dias nublados, com chuvas ocasionais e cidade no caos.
Reinaldo Sousa. 03 de junho de 2009.