domingo, 21 de junho de 2009

Um homem incomum


- Eu sempre me considerei um homem incomum.
- Por quê?
- Um homem que foi criado apenas por uma mulher, não poderia ser igual aos outros.
- Sei..
- No entanto, eu tenho me encontrado igual, aos meus iguais de falo.
- Entendo...
- É normal que um homem pense em sexo, queria ter várias noites para saciar sua sede de cheiros, suores e êxtase.
- Sei...
- Mas eu estou envolto de nuvens de pensamentos estranhos, pensando e querendo coisas que só os adolescentes em sua ânsia pelo prazer buscam.
- Hum...
- Considero-me um homem maduro, já vivi e passei por coisas que só eu sei, e não fiquei com nenhuma seqüela psicologia...
- Sabemos!
- Ao menos eu acho...
- Sei...
- Mas sexo ta virando um tabu para mim. Vivo nos banhos frios que eu detesto, e eles estão se tornando cotidiano em minha vida, a água fere a minha carne com tanta intensidade que eu esqueço dos meus calores e minhas vontades selvagens.
- Fale-me mais sobre isso!
- Eu me considero um homem incomum.
- Sabemos.
- Nunca deixei o meu pênis guiar a minha cabeça, sou racional. Um homem não pode e nem deve deixar seus instintos o dominarem, isso sempre o leva a cometer atos impessados.
- Interessante!
- E eu ando cometendo loucuras infantis. Regressei a infância como se a não tivesse tido. Talvez eu não a tivesse tido mesmo.
- Hum...
- Mas não há freios. As coisas fogem ao meu controle e quando vejo há culpa, há sentimentos confusos e tudo é estranho.
- Sei...
- Doutor, eu sou um homem incomum?
- hum?


Reinaldo Sousa. 21 de junho de 2009.

2 comentários:

César Neto disse...

Se aventurando nos diálogos agora é meu amigo? Muito bom. Respondendo a pergunta do homem dos eu texto, não há homens incomuns, todos tem falo!
Abraços!

Anônimo disse...

Ótimo, Rey!
Só nós mesmos prestamos atenção às nossas dores, por isso só os poetas ousam contá-las ao mundo!