Hoje mais do que nunca espero resposta que não recebi quando criança, e possivelmente não receberei. Qual o sentido da vida, se logo após morremos. Sem saber isso, eu vivo vegetando, acreditando em sonhos de uma minoria que sonha alcançar o inatingível, e vivem ceifando vidas – famílias e amigos –, em prol de um futuro que a cada dia esvanece. Vivo acreditando na fidelidade, no amor, na amizade e em algo que vai além do meu próprio entendimento. E concluo sempre que há em nós, a sensação que somos eternos e vivemos como semi-deuses, por isso, tanto santos e santas nos altares da fé, esquecemos que a fé é crer no que não se pode ver, e partimos para fé no dinheiro e nas possibilidades que o mesmo trás. Agimos como golpistas em sonhos alheios e ainda nos colocamos nos altares da ingenuidade. Cansei de tentar agradar aos gregos, pois eles são iguais aos troianos.
Ingênuo sou, que acredito em fadas e seus condões, principalmente nos contos da Carrochinha que é formada em Ciências Políticas. Precisa-se de estômago violento para desfilar em espaços políticos, espaços onde habitam os males de todas as culturas do atual homem e mulher. Não acredito mais nesse mundo e nem na criança que se faz presente no meu sobrinho, nem nas mulheres que os colocam no mundo. Neles já se nota, a sociedade voltada para os prazeres dos bárbaros. Pois o útero, o pênis e a boca corrompida é resultado das desgraças humanas, por isso deixo de acreditar nas pessoas.
Ao mesmo que deixo de acreditar no presente e no futuro – uma correção educacional que minha mãe me proporcionou – passo a acreditar agora que sou livre para fazer minhas escolhas, não preciso e nem sou preso a nada e a ninguém. Minha vida deve ser vivida para alcançar os meus próprios objetivos, é claro, moldado e reflexionado pelo destino do mundo, pois não temos a escolha literal, mas temos a possibilidade de optar entre os caminhos dados.
Assim deixo hoje de acreditar nas fadas e nos fardos, e parto agora para acreditar em mim, e nos meus sentidos – meu poema. Deixo hoje de acreditar na amizade, e me apego ao amor incondicional e verdadeiro que me sustenta, o de minha mãe. Minha mãe a única a quem devo inclinação da minha coluna e devoção no seu altar – teu colo. Ela é a única que me dirá a verdade, e junto à mesma a anestesia, para que o mundo não me veja chorando.
Enfim, depois de escrever essas linhas, relendo o que escrevi, percebi o porquê não recebi as respostas de minhas interrogações quando criança. Acordei, mesmo que tardiamente para o mundo dos céticos e dos acordados.
Reinaldo Sousa. 10 de outubro de 2009.