sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Meus cacos


Hoje recolhi meus cacos,
Aqueles que caiam em dias comuns,
Dias de chuva, de tédio, de ausências.

Pedaços de mim tão pequeno,
que os olhos nus não enxergam.
Mas, meu corpo sente falta.
Ínfimos pedaços que dói e sangra até hoje.

Hoje recolhi meus cacos,
e dele restaurei um vaso.
Vaso de sangue, de lagrimas, de desespero.

Pedaços de mim tão pequeno,
que juntos se constrói outra vida.
Mas, não há vontade de recriar.
Ínfimos pedaços que dói e sangra até hoje.

Hoje recolhi meus cacos,
e percebi que há muito tempo não respiro.
Apenas inspiro o ar dos mortos,
Dos calados, dos fingidos e dos afogados.

Hoje recolhi meus cacos,
Pedaços de mim tão pequeno.
Ínfimos pedaços que dói e sangra até hoje.



Reinaldo Sousa. 27 de fevereiro de 2009.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Saudades do desejo


Eu ainda sinto o teu sexo,
E os cheiros daquela noite.
Noite em que me embriaguei,
Noite em que me desarmei.
Ainda lembro do teu olhar,
Das nuvens nebulosas do quarto,
Do prazer e das vontades saciadas,
Das cenas de amor interpretadas.
Ainda desejo o teu corpo,
E tudo que ele me oferece:
Teus lábios em meu cadáver,
Teus cabelos em minha face,
Teus seios em minhas mãos,
E desejos juntos aos meus.

Dedico essas linhas aos amigos que dizem que sou/estou pornográfico, você são uns hiprocritas, mais eu os amo.

Reinaldo Sousa. 22 de fevereiro de 2009.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O DIA EM QUE BROXEI, por reinaldo sousa


O dia em que broxei

Esse com certeza é um dos assuntos que mais frustram e envergonham os homens. Mas, para mim é normal, como todas as coisas que afligem os fracos. Sempre me sentir o cara, o furador, aquele que invade sem dor, com sua lança a perfurar o inimigo. Nós, os homens, somos sem dúvidas guiados pela cabeça de baixo, embora sem conhecimento haja outras cabeças. Recordo-me que quando criança cuidava de meu brinquedo, como se eu já fosse programado para saber que ele seria muito útil para ou em algum momento de minha vida. Naqueles momentos ele é o nosso amigo, o nosso tesouro. Às vezes, com a inocência e a curiosidade de criança, pegava e notava que algumas alterações aconteciam, ficava atônito e ao mesmo tempo curioso para ir além daquilo, mas os freios, aqueles que minha mãe me ensinou quando me pegou massageando me impediam. Esses freios, não sabem as mães, mas deixam à massagem muito mais interessante.
Era adolescente, a pior fase que um homem pode passar na vida. Quaisquer pensamentos, com muito azeite e pimenta, levam-nos a correr ao banheiro ou a quaisquer lugares a sós, para a grande aventura. Eu me recordo que meu tio, guardava embaixo de sua cama, muitas revistas. Sua coleção chegava a cansar os olhos. Sempre olhei sem ele saber. Quando chegava da escola, fingia estudar, e entres as paginas de livros de matemática e português, estavam lá aquelas moças peladas, com seus sexos amostra, e aquilo tudo me excitava muito. Lembro-me que passava horas lendo aqueles contos, alguns ainda me lembro, como de uma secretária que era assediada pelo chefe, que a ameaçava de demiti-la, e ela como moça que precisava do emprego, acabava por ceder às opressões do seu chefe. Esse conto com certeza é um clássico no meio pornô.
O tempo foi passando, mas ainda não tinha terminado de ler todos os contos ilustrados, guardado debaixo da cama do meu tio. Falando um pouco de meu tio, ele já era um homem, deveria ter uns trinta e cinco anos. Naquele momento de adolescência, eu não entendia porque ele guardava aquela coleção, ele poderia ter a mulher que quisesse, era um dom Ruan. Sempre admirei meu tio, se tivesse um modelo a ser seguido de masculinidade, ele era o próprio.
Enfim, como todo o homem, me apaixonei. Não sei se pela pessoa, ou pelo que ela representava em meus hormônios. Mas, foi tão intenso, que meu corpo e minha mente duelavam pela prevalência do seu existir. Para minha sorte, não precisei caçar, a caça veio até mim, deixando ser devorada e destroçada. Alias, não tenho do que reclamar ou agora tenho, nunca fiz esforço que um caçador faz, a caça sempre se despoja em meus pés. Nasci com aquela coisa, que poucos homens têm, não sei denominar ao certo, mas alguns dizem charme, outros denominam de atração. Mas a única coisa que sei de fato, é que a presa sente o cheiro e se rende. Como dizem que os homens não amam, então fiz sexo pela primeira vez com minha presa. Recordo-me de ter imaginado que ela fosse minha secretária, e eu o poderoso chefe a ponto de demiti-la. Não vou contar detalhes. Aquela tarde em que nos bebemos, não só o liquido do prazer, pois foi também a primeira vez que provei bebida alcoólica, foi a noite mais prazerosa de minha adolescência. Nesses momentos, nós homens nos sentimos poderosos, e somos.
Ingressei na maturidade. Minha primeira namorada havia virado recordação de infância, e eu me tornei um homem de fato. Cheio de deveres, de consciências, de defeitos, de ética e regras morais. Trabalhava feito um escravo, que meus antepassados foram. E as revistas que outrora, me distraia com seus contos, não faziam mais parte de minha vida. Nessa fase minha vida sexual não era agitada, sonhava demais, pelo que li e vi naqueles contos. Achava tudo aquilo muito real, e queria uma secretária para possuir. Encontrei varias. Mas o meu dom, ao menos eu achava que era um dom quando adolescente, tornou-se uma maldição na minha maturidade. O homem foi programado para caçar, e não ser a presa.
Sei que você deve estar se perguntando, o que tudo isso tem a ver com o titulo desse relato, mas tenha calma, logo você vai entender. Como estava dizendo. Eu comecei a detestar os jogos de caça. Sentia-me perseguido, usado, olhado e morto. Ora, esse é o meu papel. Eu o fazia bem. Foi quando conheci uma presa, que já estava morta há tempos. Hoje eu prefiro ser rejeitado, levar um não, do que insistir na arte da caça com uma frigida. Mas naquele tempo, eu precisava daquilo, alguém enfim que teria de lutar para conquistar. A luta não seria fácil, apesar do meu dom, não quis usá-lo, queria conquistá-la de outra forma. Da forma mais difícil que eu pudesse encontrar.
Continuei no incrível, porém triste caminho da maturação. A morte se aproxima de mim a cada dia. Posso até sentir seu bafo em meu pescoço. Mas continuando. Eu aprendi a gostar da frigida, seus encantos eram tão grande, que ela nem imagina. Aquela boca era para mim a fuga dos meus problemas e remédio até para meus tédios. Beijava, e beijava com gosto. Só que o retorno era sempre ofuscado com seus lábios frios. Então, eu partia para o mais. E sentia que seus lábios esquentavam. Há esperança. E eu não parava, queria dominar minha secretária, sem pensar em demiti-la, mas em amá-la. Os homens amam sim, eu já amei e talvez ame até hoje. Fomos para cama, e percorremos todos os cantos que se é possível percorrer em um corpo, sentir que ela me amava, que me desejava, suas mãos me deixavam louco. Foi então que percebi que meus desejos estavam confusos, e que novamente havia virado a caça, agora vocês podem entender como surgiu o título desse relato.
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Reinaldo Sousa. 19 de fevereiro de 2009.
Os dias passam.
Mas a tua imagem,
Continua a mesma para mim.
Ainda lembro do teu rosto.
Do teu beijo.
Do teu toque.
Da tua ausência.
Do teu não existir.
Mas, mesmo assim.
Tudo leva-me a crer em Ti.
Tudo leva-me apaixonar por Ti.

Reinaldo Sousa. 17 de fevereiro de 2009.

Ofereço essas linhas de loucuras a uma pessoa "dançante" que se tornou muito especial em minha vida, não direi seu nome, pois ninguém merece pronuncia-lo. Só eu.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Em oração

Tenho orado como nunca.
Não sei o porquê.
Minhas orações não são ouvidas!
Meus pecados não são tão graves!
Mas tenho orado.
Falado coisas sem sentidos.
Sem nexo.
Aproveitando para chorar meus choros.
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Reinaldo Sousa. 17 de fevereiro de 2009.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A GRANDE VIAGEM, por reinaldo sousa



A grande viagem


Lembro que naquela manhã eu acordei com os sentidos aflorados, era dia de mudanças. Eu podia sentir. Mas, não acreditava muito nisso, pois como sempre, não há nada de diferente dos outros dias. Pois eu coloquei o mesmo pé de sempre no chão, o sol brilhava igual, como a todos os dias de verão. Tudo era igual. Porém, às vezes os pássaros voavam nas palmeiras a beira da minha janela, e cantarolavam mudanças. No entanto, isso nunca foi algo novo, a minha viagem.

Depois de passear os olhos pelo teto, levantei da cama, e fui até o banheiro, lembro-me de ter visto a mesma face de sempre no espelho, incrível, o tédio me acompanhava até mesmo ao banheiro. Logo quando sair do banheiro sentei na cama, olhei para os lençóis, eles como sempre estavam arrumados, como se eu não tivesse deitado minha consciência neles. Naquelas noites, próximas a minha viagem, tive vários pesadelos, pesadelos que foram tão reais, que os meus lençóis deveriam estar destroçados. Deveriam.

No quarto minhas malas, e algumas roupas que decidir deixar para trás, as ganhei no ano passado, me lembrava alguém. Deixava também em cima da escrivaninha o relógio que minha mãe me dera naquele ano de aniversário. Só levaria nessa viagem o necessário, para me recordar de algumas coisas essenciais, foi o que imaginei e estava a fim de fazer. Então, resolvi abrir a mala novamente, olhei as roupas e o tédio me acompanhou. Nada me lembrava nada, então fechei a mala.

As horas passavam como de sempre. Lenta. Tudo em minha volta, e até mesmo os meus gestos pareciam estar letárgico e estavam. Andei pelo quarto, esperando encontrar algo que injetasse adrenalina na minha alma, quando deparei com um porta retrato. Lembro-me de ter olhado por algumas horas para aquele porta retrato. Mas, como sempre não sentia nada. Ou talvez sentir. Não me lembro. Sei que depois de muito olhar, peguei o porta retrato em meus braços e acalentei com músicas salgadas. Agora me lembro. Eu sentir algo. Sofria pelo tédio, pelo invisível, e pelo desconhecido. Chorava olhando para aquele porta retrato, sem saber ao certo o que significava tanta emoção. Só sei que sofri. Até hoje eu não entendo, como podemos sofrer tanto pelo desconhecido.

Havia chegado o momento de ir ao aeroporto, nem me lembro como nele cheguei. Só sei que andei no deserto, noturno dos meus pensamentos e junto minha alma viajou nos sentidos que eu esperava alcançar nessa viagem. Depois de muito viajar nas ausências, é chegado o momento do embarque. Sentei por um momento na cadeira e tentava me lembrar de algo que havia esquecido de trazer comigo. Não conseguir lembrar. Olhei para as pessoas entrando no portão de embarque, pessoas felizes, pessoas sérias, pessoas sós e pessoas, somente homem e mulheres. Lembro também de não ter feito o check-in.
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Dedico esse texto a minha grande amiga, companheira de cinéfilia, Jô Costa, pois a idéia central dele veio de sua fantástica cabeça!
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Reinaldo Sousa. 07 de fevereiro de 2009.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Eu
Realmente devo ser um parvo.
Enxergando nas putas almas de princesas.
E nas princesas almas de putas.
E nos velhos caindo à nobreza.
Há quem diga ter visão.
Digo que cego dela sempre estarei.
E permanecerei.
Pois sempre vi nos mares os sonhos.
Que sempre guardei.
Sonhos de rebento, de inocência, de feto.
Sonhos te tempos bons, tranqüilos, de amor.
Tudo farsa.
Tudo é falso.
Apenas minha angústia é real.
Apenas meu existir é real.
E as farsas.
A farsa de sonhos.
A farsa do guardar.
A farsa.
Tudo falso.

Reinaldo Sousa. 12 de janeiro de 2009.