sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Meus cacos


Hoje recolhi meus cacos,
Aqueles que caiam em dias comuns,
Dias de chuva, de tédio, de ausências.

Pedaços de mim tão pequeno,
que os olhos nus não enxergam.
Mas, meu corpo sente falta.
Ínfimos pedaços que dói e sangra até hoje.

Hoje recolhi meus cacos,
e dele restaurei um vaso.
Vaso de sangue, de lagrimas, de desespero.

Pedaços de mim tão pequeno,
que juntos se constrói outra vida.
Mas, não há vontade de recriar.
Ínfimos pedaços que dói e sangra até hoje.

Hoje recolhi meus cacos,
e percebi que há muito tempo não respiro.
Apenas inspiro o ar dos mortos,
Dos calados, dos fingidos e dos afogados.

Hoje recolhi meus cacos,
Pedaços de mim tão pequeno.
Ínfimos pedaços que dói e sangra até hoje.



Reinaldo Sousa. 27 de fevereiro de 2009.

2 comentários:

Anônimo disse...

"Pedaços de mim tão pequeno,
que juntos se constrói outra vida.
Mas, não há vontade de recriar.
Ínfimos pedaços que dói e sangra até hoje".

Que estrofe perfeito!
Vivemos assim, meu rei, perdendo pedaços ao longo da nossa curta vida e realmente quando percebemos os pedaços que cairam não dá vontade de pega-los. assim é a vida, como diria a música de luiza possi, que tanto gostamos. rs

abraços!

Anônimo disse...

Achei lindíssimo. Que belo poeta vc está se saindo, não é?
Tudo o que vc escreveu é algo que se sente, e não versos improvisados para obter rima.

Cheiro