terça-feira, 26 de abril de 2011
Prefiro os muros
Hoje sentir-me um homem comum. Eu nunca fui, ao menos para mim, um rosto no meio da multidão. Sempre me vi como um homem ao avesso, seco, sóbrio, pensante, tolerante e as vezes silencioso. Hoje me vi andando na calçada e sentir fluir outros homens, como se tivesse carregando a cada passo um ser, uma fosa cheia de bosta.
Os homens são sem duvida seres inferiores, seres atrofiados e podrificados. Não pensem que sou feminista, não sou. Não sou extremo. Prefiro os muros. Ficar no muro é sem dúvida o melhor, pois de cima dele, podemos observar todos os lados. E quando os lados não me favorecem, me torno o muro. Sou um homem muro e de lá observo os lados, nenhum me excita, nenhum inflama meu sangue.
E o sentido, aquele que movem todos os homens torna-se para mim conotativo. Os homens são seres conotativos. Minha "pica" não é para ser comparada, medida, calculada ou afiada. Não preciso medir meus músculos, não preciso colocar na balança o tanto de carne que tenho deflorado. Hoje na calçada me vi sendo esses homens. Sentir um nojo de mim mesmo, nunca em toda a história da minha vida, me sentir assim. Graças as nuvens a chuva lavou minha alma desses homens.
Desculpe-me o desabafo, mas precisava vomitar...
Reinaldo Sousa
terça-feira, 19 de abril de 2011
Tudo Falso
Eu
Realmente devo ser um parvo.
Enxergando nas putas almas de princesas.
E nas princesas almas de putas.
E nos velhos caindo à nobreza.
Há quem diga ter visão.
Digo que cego dela sempre estarei.
E permanecerei.
Pois sempre vi nos mares os sonhos.
Que sempre guardei.
Sonhos de rebento, de inocência, de feto.
Sonhos te tempos bons, tranqüilos, de amor.
Tudo farsa.
Tudo é falso.
Apenas minha angústia é real.
Apenas meu existir é real.
E as farsas.
A farsa de sonhos.
A farsa do guardar.
A farsa.
Tudo falso.
Reinaldo Sousa. 12 de janeiro de 2009.
Teu cheiro...
Cheira em minha pele,
a essência do cedro e de jasmim.
E todos os cheiros não me confudem,
como a presença do teu;
O cheiro de mulher,
o cheiro de teu sexo,
e da virgem encantada das águas.
Em teu halito todas as bocas morrem.
Todos os homens vivem.
Todos as invejosas morrem,
E nada estranha o bréu branco.
Nada te ofusca.
Nada.
Apenas destroi o narcizo,
o homem falso e parvo de amores
pela essencia do teu cheiro.
Cheira em minha pele,
a essência do cedro e de jasmim.
E todos os cheiros não me confudem,
como a presença do teu.
Reinaldo Sousa. 19 de abril de 2011
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Maria Bethânia - Trocando em Miúdos
Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.
Chico Buarque
Caminhos e pincéis
Eu ando
entre portas escuras,
que dão para outras.
E sigo
setas que indicam
lugares similares.
Caminhos
que sigo e que
não são escolhas minhas;
Há
em todos nós
um pincel infernal e celestial.
Eles pintam...
Eu finjo
bordar meu acaso.
Eu ando
parado na estrada de tinta,
então cavo,
chego no fundo,
chego em nada,
mas cavo,
e me espanto com o fundo.
Reinaldo Sousa. 14 de setembro de 2009.
Será que ainda me espanto?
entre portas escuras,
que dão para outras.
E sigo
setas que indicam
lugares similares.
Caminhos
que sigo e que
não são escolhas minhas;
Há
em todos nós
um pincel infernal e celestial.
Eles pintam...
Eu finjo
bordar meu acaso.
Eu ando
parado na estrada de tinta,
então cavo,
chego no fundo,
chego em nada,
mas cavo,
e me espanto com o fundo.
Reinaldo Sousa. 14 de setembro de 2009.
Será que ainda me espanto?
Carências
Eu sempre
caio nos abismo comuns
a todos os que se apegam!
E choro
o choro das viúvas,
que perdem seu agressor.
Existe em mim,
a carência seqüela do leite,
e dedico meus dias
as coisas e
as pessoas inescrupulosa.
Torno-me igual a elas,
e acordo aos prantos,
pingando o sangue de feridas,
que cicatrizam e ferem,
num eterno ciclo ingênuo.
Mesmo escrito a quase três anos, ainda é real.
Reinaldo Sousa. 27 de outubro de 2009.
caio nos abismo comuns
a todos os que se apegam!
E choro
o choro das viúvas,
que perdem seu agressor.
Existe em mim,
a carência seqüela do leite,
e dedico meus dias
as coisas e
as pessoas inescrupulosa.
Torno-me igual a elas,
e acordo aos prantos,
pingando o sangue de feridas,
que cicatrizam e ferem,
num eterno ciclo ingênuo.
Mesmo escrito a quase três anos, ainda é real.
Reinaldo Sousa. 27 de outubro de 2009.
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