quinta-feira, 19 de abril de 2012

Mascaras


Não tenho como fingir rubores, alegria e contentamento. Tudo é explicito em minha cara, embora ações tácitas percorram o resto do meu corpo, sou o que pensa em demasia na noite, sou como os vampiros, vivo na noite e para ela. De resto, lamento muito não ser o esperado, nem ser o Messias, como também não torna-me o convencional. Mas um extrínseco grita na minha alma, buscando encontrar apenas a essência de um externo próprio, de uma vida incomum e fora dos padrões. Mas do que homem, pobre, excluído, assalariado, ou quaisquer outros títulos de desnobreza, sou apenas um ser capaz, se quiser, de sair da massa do bolo solado e queimado no forno chamado mundo.

Compreende?

terça-feira, 17 de abril de 2012

Gozo Gozado

Foto dos protagonistas da Serie The Vampire Diaries!

Eu queria penetrar para além da tua pele, beber teu sangue mais intimo e descansar a beira da cama fumando seu cheiro. Não existe saciedade que aniquile minha sede da tua boca, da sua saliva, mesmo sabendo que tudo pertence a outro... Ah então cobiço e me entrego nesse devaneio louco, ávido de vontade e gozo. Gozo um gozo gozado, cheio de furtividade e de beijos velados.

[...] Tudo fantasia, pois nada toca sua pele, brindada de zelo e moralismo.


domingo, 24 de julho de 2011

Clara, a Periquita Australiana...


Vai Clara, liberte Xossi de tuas garras, dos teus vicios e de tuas angustias. Permita que ele sofra, as suas proprias dores, suas proprias tristezas. Permita que seus voos, que sempre foram solitários, unam-se a aquela nuvem que esvanece entre o nada. Vai Clara, e não volte para esta gaiola que é a vida.

Uma homenagem a Clara, a periquita australiana que trouxe para a minha tenda a discórdia entre os meus pássaros.

Vá em paz para o mundo dos pássaros.


Reinaldo Sousa. 24 de julho 2011


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Sou o único...

Existe uma tristeza tão grande em minha alma, meu amor, que todas as necessidades de um homem é futil para mim. Não há mais esperança no nosso amor. Não há esperança. Apenas uma necessidade infindável de sangrar as lagrimas do desconhecido, que me é tão peculiar. Por isso, chorei em silêncio e forjei uma felicidade que contemplava somente os esquizofrênicos e os que sofrem de abstinência. Há em todos, principalmente em você, a necessidade e a busca pela felicidade, os amores, os prazeres e as sensações, em mim encontra-se apenas a vontade de não sentir, de não ser, e de acordar desse sonho que não é meu.

Oh, amor, existe uma tristeza tão grande em meu coração, que todos os pedaços dele deixado nas tuas mãos, dissolvem e absorvem o nada, pois estou sendo apenas tua essência, teu gozo, teu desprezo, tua indiferença. Então sinto teu cheiro, o gosto de tua boca, do teu suor, tudo isso ainda é muito meu.

Contudo, ainda percorro todos os dias a vida e o cotidiano que pertence a você, estou sendo um projeto de outro, por isso que meus ideais sempre se chocam com a minha vida, nada é construído para mim. Sou um estranho na tua casa, e na alcova, percebo que sou o único a sonhar com as nuvens verdes e inexistentes. Sou o único que sonha um sonho para dois, sou o único que ama fortemente e anseia estar entrelaçado a um único corpo, a uma unica alma... Sou o único.


Reinaldo Sousa, 24 de junho de 2011.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sou apenas três

Existem dois em mim.
Um desejo mais que desesperadamente a felicidade, a riqueza,
além de realizar todos os sonhos impossíveis e possíveis para um homem.
O outro quer apenas o comum,
o obvio, o corriqueiro, o barroco, os sentimentos de um pobre homem rico de ideais.
Isso tudo é tão ridículo...
Mas sou e vou além deles,
sou um terceiro ser que se aprofunda no mais profundo desconhecido,
nem os reconheço e todas as estradas são desconhecidas,
ninguém as sentem e vêem.
Por isso as ânsias, os vômitos e as dores,
vivo e revivo todos os dias a minha própria morte.
A morte de um morto que vive num ciclo mortal e eterno,
que ressuscita do sono logo após dormi-lo,
com as certezas e as feridas do inferno e do céu cravado em sua tez.
Então me banho de leite, de seivas de flores, de bálsamos e cheiros
e todas as feridas cicatrizam,
mas quando me seco todas as chagas retornam,
como se usasse maquiagem no rosto de idosos.
Não há remédio para uma doença ignorada, desconhecida e rara,
a única receita está em Orun
e os deuses esqueceram dos humanos.


Reinaldo Sousa. 12 de junho de 2012

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Acordei e acordei acordado!

Foto: Juliana Araujo


Não dormir bem, não acordei bem, mas levantei com a alma brilhando e aceitando meu próprio reflexo. Não sou um homem de sorte, não sou um homem feliz, mas encontro todos os dias a certeza de que posso me tornar aquela nuvem que olho agora da minha janela. Posso voar entre o infinito sem me preocupar com o percurso, sem planejamento, sem incubar em mim os desejos, as sensações, as ânsias, tudo deve ser livre.

Concluo que tudo em mim deve ser desligado da idéia de pensar e refletir, pois é por isso que torno tudo vivido, tudo demasiadamente existido. Preciso viver e reviver a profundeza da aventura, do pular sem olhar para onde cairei, sentir as ondas, aquela da praia do Porto da Barra me levando para o alto mar - não sei nadar.

Acordei querendo viver intensamente, querendo beijar profundamente e fazer amor como se fosse a segunda vez – pois na primeira ainda há freios. Acordei olhando meus pássaros: Clara e Xossi, que brigam e se afagam, se olham e se desprezam, fazem tudo ao mesmo tempo, porém mesmo preso naquela gaiola, se reinventam, se amam, se tocam, se beijam... Acordei com vontade de interpretar e de investigar Franz Kafka, ponderar como nossas vidas são parecidas e ao mesmo tempo dispare. Acordei, e acordei acordado, pensando em dar um giro no Farol da Barra...


Reinaldo Sousa. 6 de maio de 2011.




Os Búzios



Os búzios conta a história da jovem Janaína, que através da sua fé no Candomblé e nas oferendas que faz à Iemanjá, busca o seu grande amor.

Apoio: Museu de Arte Moderna da Bahia,

Realização: Buriti Filmes e Associação Tela Brasil,

Co-produção: Corte Seco.

Realizadores/Roterista/atores:

Ednaldo Muniz de Jesus,
Hannah Perez Andrade,
Jamile Santos Ferreira dos Anjos,
Luan Paulo de Jesus,
Maiara Reis Lima,
Reinaldo dos Santos Sousa,
Sandro Suzart Souza Santana.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vomitar me liberta!



Eu ainda vomito. Vomitar tem sido minha única atividade prazerosa e aliviante. O ato figura o processo tosco e risivel que tem sido meus ultimos dias. Encrivel como chega tempo que nada nos conforta, nada nos abraça e tudo nos entedia. Vivo com a sensação que já vivi tudo isso, como se soubesse que escreveria esse texto em algum tempo e espaço na minha frivola vida. Tudo é Trivial, o som das musicas que ouço, das conversas que participo, dos beijos que insisto em mandar e dar. Tudo isso é bem particular e repetitivo. É gesto mecanizado, ritimizado e controlado.

Antes não vomitar, pois antes disso, tudo me pertencia. Aquele amor me pertencia antes de joga-lo para fora. Estava entranhado em mim, mas até do que as sensações de estar vivo. Ao vomitar que amo, percebi que isso não mais me pertece. Naquele torpedo, todas flechas que cavam e perfuram o meu coro, cumpriram seus papeis, mas não houve sangue. E percebo que a cirurgia é necessario, que todas as incisões fazem parte de uma coisa maior, que ainda não posso ou não quero compreender - "ABERÉ".

Vomitar, me liberta. Vomitar tras de volta a vontade de comer, a vontade do bulímico de exercitar sua fome. Vomitar trouxe para mim a possibilidade de perceber e refletir o que ingiro, o que trago para mim como se fosse essencia propria. Tudo isso tem caido na terra, no esgoto ou tenho devolvido aos deuses e deusas dessa terra.

Desculpa tenho que ir com urgencia no banheiro.


Reinaldo Sousa. 04 de maio de 2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

Prefiro os muros



Hoje sentir-me um homem comum. Eu nunca fui, ao menos para mim, um rosto no meio da multidão. Sempre me vi como um homem ao avesso, seco, sóbrio, pensante, tolerante e as vezes silencioso. Hoje me vi andando na calçada e sentir fluir outros homens, como se tivesse carregando a cada passo um ser, uma fosa cheia de bosta.

Os homens são sem duvida seres inferiores, seres atrofiados e podrificados. Não pensem que sou feminista, não sou. Não sou extremo. Prefiro os muros. Ficar no muro é sem dúvida o melhor, pois de cima dele, podemos observar todos os lados. E quando os lados não me favorecem, me torno o muro. Sou um homem muro e de lá observo os lados, nenhum me excita, nenhum inflama meu sangue.

E o sentido, aquele que movem todos os homens torna-se para mim conotativo. Os homens são seres conotativos. Minha "pica" não é para ser comparada, medida, calculada ou afiada. Não preciso medir meus músculos, não preciso colocar na balança o tanto de carne que tenho deflorado. Hoje na calçada me vi sendo esses homens. Sentir um nojo de mim mesmo, nunca em toda a história da minha vida, me sentir assim. Graças as nuvens a chuva lavou minha alma desses homens.





Desculpe-me o desabafo, mas precisava vomitar...





Reinaldo Sousa

terça-feira, 19 de abril de 2011

Tudo Falso


Eu
Realmente devo ser um parvo.
Enxergando nas putas almas de princesas.
E nas princesas almas de putas.
E nos velhos caindo à nobreza.
Há quem diga ter visão.
Digo que cego dela sempre estarei.
E permanecerei.
Pois sempre vi nos mares os sonhos.
Que sempre guardei.
Sonhos de rebento, de inocência, de feto.
Sonhos te tempos bons, tranqüilos, de amor.
Tudo farsa.
Tudo é falso.
Apenas minha angústia é real.
Apenas meu existir é real.
E as farsas.
A farsa de sonhos.
A farsa do guardar.
A farsa.
Tudo falso.

Reinaldo Sousa. 12 de janeiro de 2009.

Teu cheiro...



Cheira em minha pele,
a essência do cedro e de jasmim.
E todos os cheiros não me confudem,
como a presença do teu;
O cheiro de mulher,
o cheiro de teu sexo,
e da virgem encantada das águas.
Em teu halito todas as bocas morrem.
Todos os homens vivem.
Todos as invejosas morrem,
E nada estranha o bréu branco.
Nada te ofusca.
Nada.
Apenas destroi o narcizo,
o homem falso e parvo de amores
pela essencia do teu cheiro.
Cheira em minha pele,
a essência do cedro e de jasmim.
E todos os cheiros não me confudem,
como a presença do teu.

Reinaldo Sousa. 19 de abril de 2011

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Maria Bethânia - Trocando em Miúdos



Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu


Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças

Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer

Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter

Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado

Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu


Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.

Chico Buarque

Caminhos e pincéis

Eu ando
entre portas escuras,
que dão para outras.

E sigo
setas que indicam
lugares similares.

Caminhos
que sigo e que
não são escolhas minhas;


em todos nós

um pincel infernal e celestial.

Eles pintam...
Eu finjo
bordar meu acaso.

Eu ando
parado na estrada de tinta,
então cavo,
chego no fundo,
chego em nada,
mas cavo,
e me espanto com o fundo.

Reinaldo Sousa. 14 de setembro de 2009.


Será que ainda me espanto?

Carências

Eu sempre
caio nos abismo comuns
a todos os que se apegam!
E choro
o choro das viúvas,
que perdem seu agressor.
Existe em mim,
a carência seqüela do leite,
e dedico meus dias
as coisas e
as pessoas inescrupulosa.
Torno-me igual a elas,
e acordo aos prantos,
pingando o sangue de feridas,
que cicatrizam e ferem,
num eterno ciclo ingênuo.

Mesmo escrito a quase três anos, ainda é real.

Reinaldo Sousa. 27 de outubro de 2009.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Evolui

Desculpe-me amor,
Não posso negar minha estrada.
Nem posso agir como se as estações,
Não tivessem trazido marcas a minha face.
Preta, nossa série completou.
Finalizou aquele ciclo dos românticos,
Dos sonhos de adolescentes,
E daquela dança que nunca valsamos.
Não há mais tempo para nós.
E mesmo me sentindo ditoso em tê-la.
Amanhã não desejo mais vê-la.
Não desejo mais tocá-la.
Não desejo mais...
Só que siga suas próprias estradas,
Que durma o sono dos que não sonham,
E que acordam contentes.
Antes do sono, masturbe-se,
Ouvindo aquelas musicas,
que balançava e alçava a chama,
aquelas que nos consumiam a noite.
Só isso pode pertencer a você,
As lembranças e as marcas no corpo.
Pois de resto, sou uma criatura livre,
Sem laços, sem freios e sem frutos.
Desculpe-me amor, evolui.


Reinaldo Sousa. 14 de março de 2011